Início do cabeçalho do portal da UFERSA

Projeto Caatinga

Trapiá em floração em área antropizada.

Descrição sumária

Crateva tapia é uma espécie arbórea encontrada no semiárido brasileiro na vegetação de Caatinga das áreas cristalinas e sedimentares e em florestas ripárias (LOENZI, 2008).

Nomenclatura científica

Cientificamente a espécie recebe o nome Crateva tapia L. (TROPICOS, 2017), apesar de também ser encontrada na literatura como Crataeva tapia L. (CNIP, 2017a). Na classificação mais recente (APG III, 2017), que se baseia em características filogenéticas, a espécie em questão se encontra dentro da classe Equisetopsida, subclasse Magnoliidae Novák ex Takht, superordem Rosanae Takht,  ordem Brassicales Bromhead, familia Capparaceae Juss, e gênero Crateva L.

Nomes comuns

Popularmente a espécie é conhecida como Trapiá, Cabaceira, Cabaceira-de-pantanal, Pau-d’alho, Tapiá, Breu branco,  Catoré, Catauarizeiro (CAVALCANTE, 2014); (NEVES, 2013); (MACHADO et al., 2016); (LORENZI, 2008).

Importância cultural/econômica

O trapiá é utilizado para arborização e recomposição de áreas degradadas e seus frutos são consumidos como refrescos ou bebidas vinosas (LORENZI 2008). As folhas e a entre casca são utilizadas na medicina popular, para diabetes, coceira e dor muscular (CAVALCANTE, 2014). A madeira, que possui densidade moderadamente pesada (0,56 g/cm³) é suscetível ao rachamento durante a secagem, pouco durável e, devido a estes fatores, é utilizada somente localmente em obras internas, para forros, caixotaria e confecção de canoas (LORENZI, 2008). 

Importância ecológica

A espécie apresenta altas taxas de condutância estomática durante condições de hipoxia ocasionada pelo alagamento do solo, indicando grande tolerância a esse fator. Em contrapartida, a espécie demonstra baixa tolerância ao estresse hídrico do período seco (CAVALCANTE, 2014). Em resumo C. tapia apresenta plasticidade fisiológica variável no processo de condutância estomática em função das variações dos períodos sazonais e da distribuição topográfica.

Fenologia

O trapiá mantém suas folhas durante longo período na estação chuvosa. Segundo Lorenzi (2008) os indivíduos de C. tapia  florescem na estação seca no período de agosto a novembro e seus frutos amadurecem na transição da estação seca para a estação chuvosa de janeiro a maio. Já Neto et al. (2015) afirmam que a espécie é coletada com flor e fruto de  janeiro a julho e de setembro a dezembro.

Distribuição geográfica

Espécie nativa do Brasil, contudo, não endêmica. Ocorre também no México, Honduras, Guatemala, Equador, El Salvador, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Venezuela, Peru e Argentina (CORNEJO e ILTIS, 2008). De acordo com Forzza (2010) as ocorrências confirmadas no Brasil são nas regiões Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins), Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe); Centro-Oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso); Sudeste (Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo); Sul (Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina); Abrolhos, Fernando de Noronha e Trindade. Quanto aos domínios fitogeográficos, a espécie ocorre na Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal (FORZZA, 2010).

 

Referências

  1. APG III. Angiosperm phylogeny.Disponível em: <http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em: 6 mar. 2017.
  2. CAVALCANTE S. C. Ecossistema de várzea: etnobotânica e ecofisiologia.Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais da Amazônia) Universidade Federal do Oeste do Pará, Pará. 2014.
  3. CORNEJO, X.; ILTIS, H. H. A revision of the american species of the genus Crateva (Capparaceae). Harvard, Papers in Botany, v.13, n.1, p. 121-135, 2008.
  4. FORZZA, R. C. Introdução. in: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2010.
  5. MACHADO, J. R. A.; SILVA, N. G.; DUARTE, C. C. Biodiversidade florística ameaçada pelo uso intensivo de pastagens, no município de Palmeirina – PE. REGNE, Vol. 2, Nº Especial, 2016.
  6. MORO, M. F. et al. Vegetação, unidades fitoecológicas e diversidade paisagística do estado do Ceará. Rodriguésia, Rio de Janeiro , v. 66, n. 3, p. 717-743. 2015.
  7. NEVES, R. B. Caracterização das reservas das sementes e avaliação da germinação e formação de plântulas de nove espécies arbóreas de florestas alagáveis da Amazônia.Dissertação (Mestrado em botânica). Universidade de Brasília, DF. 2013.
  8. LIMA, B. G. de. Caatinga espécies lenhosas e herbáceas.1ª. ed. Mossoró: EDUFERSA editora universitária, 2012. v. 3000. 316p .
  9. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil.Nova Odessa. Plantarum. 5ed. 384p. 2008.
  10. NETO, R. L. S.; JARDIM, J. G. Capparaceae no Rio Grande do Norte, Brasil. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 66, n. 3, p. 847-857, 2015 .

31 de outubro de 2017. Visualizações: 44247. Última modificação: 05/04/2020 09:27:07