Descrição sumária
Conhecida como a espécie que têm as árvores mais altas encontradas na caatinga, a baraúna é utilizada para recuperação de áreas degradadas, sistemas agroflorestais, para fins energéticos, medicinais, apícolas e ornamentais. Planta decídua e heliófila, comum em várzeas da região semiárida. Ocorre, via de regra, em solos calcários, podendo ser encontrada também em afloramentos pedregosos (LORENZI, 1992; KIILL, 2012; MAIA, 2012).
Nomenclatura científica
Do gênero Schinopsis, a espécie Schinopsis brasiliensis Engl. pertence à família Anacardiaceae R. Br. com a seguinte hierarquia taxonômica: Classe Equisetopsida C. Agardh, subclasse Magnoliidae Novák ex Takht., superordem Rosanae Takht., ordem Sapindales Juss. Ex Bercht. & J. Presl, sinonímia botânica Schinopsis brasiliensis var. glabra Engl. (TROPICOS, 2020).
Nomes comuns
Supostamente o nome foi atribuído à espécie devido a madeira apresentar coloração escura, oriundo do Tupy ibirá-una ou muira-una, que significa “madeira preta”. Conhecida vulgarmente como Baraúna ou Braúna, a espécie conta com diversos sinônimos populares: braúna-do-sertão, braúna-parda, quebracho, ibiraúna, pau-preto, chamacoco, guaraúna. Na Bolívia, conhecida como soto, e no Paraguai, barauva (LORENZI, 1992; CARVALHO, 2009; MAIA, 2012).
Importância cultural/econômica
Possui madeira pesada (densidade 1,23 g/cm³) e de alta qualidade, com elevada durabilidade natural quando em ambiente externo e, devido o alto potencial madeireiro, a espécie pode ser empregada para diversos fins, dentre os quais podem-se destacar: excelente opção para usos externos e obras internas, mourões, estacas, postes, vigas, caibros, cabos de ferramentas, pilões, dormentes para estrada de ferro, prensas, lenha, carvão etc. Além da madeira, a baraúna é usada para fins medicinais para tratamento de dores de dentes, dores de ouvido, histeria e nervosismo. Também é recomendada para arborização urbana. Em função da alta exploração, a espécie encontra-se na Lista Nacional das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, de acordo com avaliação realizada pelo Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFLORA/JBRJ) e, por isso, seu corte é proibido (LORENZI, 1992; CARVALHO, 2009; MAIA, 2012; KIILL, 2012; ALVAREZ et al. 2012).
Importância ecológica
Segundo Maia (2012), a espécie possui características melíferas, aspecto fundamental para alimentação das abelhas em períodos de estiagem. As folhas são aprazíveis ao paladar de caprinos e ovinos. Pode ser empregada em projetos de reflorestamento e em sistemas agroflorestais.
Fenologia
Kiill (2012), que acompanhou o processo fenológico e a dispersão de espécies da caatinga ameaçadas de extinção na Bahia, registrou que o período de floração da baraúna concentra-se na estação seca, entre os meses de junho a setembro, dando indícios que a atividade está associada à precipitação. De acordo com Lima et al. (2008), a época de frutificação da espécie ocorre entre os meses de agosto e setembro, assim como descrito por Carvalho (2009) e, segundo Lorenzi (1992), a maturação dos frutos ocorre a partir do mês de outubro-novembro.
Distribuição geográfica
Espécie típica da caatinga, com ocorrências confirmadas nos estados da região Nordeste (exceto Maranhão); Sudeste, no estado de Minas Gerais e alguns estados da região Centro Oeste. Baseado em literatura, é encontrada também na Bolívia e no Paraguai (TROPICOS, 2020; SILVA-LUZ et al., 2020).
Referências
ALVAREZ, I. A.; OLIVEIRA, U. R.; MATTOS, P. P.; BRAZ, E. M.; CANETTI, A. Arborização urbana no semiárido: espécies potenciais da Caatinga. Embrapa Florestas, Colombo, PR, 2012.
CARVALHO, P. E. R. Braúna-do-Sertão – Schinopsis brasiliensis. Circular Técnica, 222, Embrapa Florestas, 2009, 1-13 p.
CNCFlora. Schinopsis brasiliensis in Lista Vermelha da flora brasileira versão 2012.2. Centro Nacional de Conservação da Flora. Disponível em < http://www.cncflora.jbrj.gov.br/portal/pt-br/profile/Schinopsis%20brasiliensis>. Acesso em 3 set. 2020.
KIIL, L. H. P. Fenologia reprodutiva e dispersão das sementes de quatro espécies da Caatinga consideradas como ameaça de extinção. Informativo Abrates, Brasília, DF, v. 22, n. 3, 2012, 12-15 p.
LIMA, V. V. F.; VIEIRA, D. L. M.; SEVILHA, A. C.; SALOMÃO, A. N. Germinação de espécies arbóreas de floresta estacional decidual do vale do rio Paranã em Goiás após três tipos de armazenamento por até 15 meses. Biota Neotrop, v. 8, n. 3, 2008.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 1. ed. Nova Odessa, SP: Editora Plantarum, 1992. 6 p.
MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 2. ed. Fortaleza, CE: Printcolor Gráfica e Editora, 2012, 135 p.
SILVA-LUZ, C.L.; MITCHELL, J.D.; PIRANI, J.R.; PELL, S.K. Anacardiaceae in Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/floradobrasil/FB4396>. Acesso em: 14 ago. 2020.
TROPICOS. Schinopsis brasiliensis Engl. Disponível em <https://www.tropicos.org/name/1300195 >. Acesso em: 14 ago. 2020.