Início do cabeçalho do portal da UFERSA

Projeto Caatinga

Porte, forma da copa, cor e hábito de crescimento

De acordo com a região de ocorrência, a altura da espécie está sujeita a variações, podendo apresentar-se no formato arbustivo em regiões de caatinga mais seca ou apresentar porte arbóreo, atingindo de 7 a 8 metros (LORENZI, 1998). Além da baixa estatura nas áreas mais secas, os indivíduos da espécie possuem formato característico de crescimento nessas regiões, onde os ramos laterais crescem paralelos ao solo e apresentam copa larga, fato que justifica o nome popular atribuído à espécie: “pereiro-de-saia” (MARCONDES-FERREIRA, 1988).

Características vegetativas

  • Casca e caule

Planta latescente, de caule ereto e bem desenvolvido. Com superfície lisa e coloração acinzentada, a casca dos indivíduos jovens possuem lenticelas brancas dispostas ao longo do caule e, quando adulto, largam placas irregulares (MAIA, 2012).

Casca externa do Pereiro, com lenticelas.

  •  Folhas

A folha do pereiro é mais larga na porção mediana, assumindo formato elíptico (GONÇALVES; LORENZI, 2011). Folhas simples arranjadas de modo alterno, consistência membranácea a coriácea, glabras ou pilosas, de 4 a 9 cm de comprimento por 3 a 4 cm de largura (MAIA, 2012). De acordo com Lorenzi (1998), a espécie possui folhagem discolor, termo que define quando duas porções da mesma estrutura possuem cores diferentes.

Folhas simples do Pereiro

  • Flor

Inflorescência determinada do tipo dicásio, cujo eixo principal produz uma flor terminal após ter produzido dois ramos laterais, onde cada ramo lateral também produz uma única flor e mais dois ramos laterais, e assim sucessivamente (MARCONDES-FERREIRA, 1988). As flores possuem coloração branca, tamanho pequeno e produz aroma agradável. Cada inflorescência contém de 10 a 15 flores (MAIA, 2012; LORENZI, 1998).

Foto de Natália Isabel Lopes Quirino / Flores do Pereiro

  • Fruto

Segundo Lorenzi (1998), os frutos são esclerificados (lenhosos) contendo de 12 a 18 sementes em cada um. Com cerca de 5 a 6 cm, o fruto apresenta coloração castanho-claro, superfície rugosa e abre-se de forma espontânea na maturação, categorizado como fruto deiscente (MAIA, 2012). Popularmente, o fruto seco é denominado como “galinha de pereiro” em zonas rurais, visto que ao atingir ponto de maturação, a abertura do fruto assemelha-se as asas de aves, sendo bastante utilizado em brincadeiras infantis.

Frutos imaturos (A) e maduro (B) de Pereiro. Foto A de Erick Daniel Gomes da Silva.

 

  •  Sementes e síndrome de dispersão

O formato da semente varia de arredondada a reniforme ou cordiforme, chamado estenospérmica (BELTRANI, 1990); possuem projeções laterais achatadas como se fossem “asas”, sendo classificada como semente alada (GONÇALVES; LORENZI, 2011). Segundo Maia (2012), apresenta consistência papirácea, semelhante à textura de papel e são dispersas pelo vento (anemocoria). O tegumento possui coloração marrom, havendo variação de tons (FERREIRA; CUNHA, 2000).

Foto de Natália Isabel Lopes Quirino / Sementes do Pereiro

 

 Referências

BELTRANI, C. M. Morfologia e anatomia de sementes. Rio Claro: UNESP/IB/Depto. Botânica, 1990. 352 p. (Dissertação de Mestrado).

FERREIRA, R.A.; CUNHA, M. C. L. Aspectos morfológicos de sementes, plântulas e desenvolvimento da muda de Craibeira (Tabebuia caraíba (Mart.) Bur.) – Bignoniaceae e Pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart.) – Apocynaceae. Revista Brasileira de Sementes, vol. 22, n° 1, p. 134-143, 2000.

GONÇALVES, E. G.; LORENZI, H. Morfologia vegetal: organografia e dicionário ilustrado de morfologia das plantas vasculares. 2. ed. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora, 2011. 99 p.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 2. ed.  Nova Odessa, SP: Editora Plantarum, 1998. 21 p.

MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 2. ed. Fortaleza, CE: Printcolor Gráfica e Editora, 2012, 413 p.

MARCONDES-FERREIRA, W.  Aspidosperma Mart., nom. cons. (Apocynaceae): estudos taxonômicos. Tese de Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1988.

13 de agosto de 2020. Visualizações: 1265447. Última modificação: 01/10/2021 12:06:28